Subir à sala de imprensa do estádio Heinz Field, em Pittsburgh, foi
impressionante para ver como é boa a visão dos jornalistas que vão lá
comentar um jogo de futebol americano; mas principalmente porque quando
chegamos lá e olhamos para o campo, ele estava todo recortado, com
plataformas suspensas que mimetizavam à perfeição o gramado que aparecia
embaixo, com o símbolo do Gotham Rogues e tudo mais.
Depois de um tempo descobrimos que estar ali não era uma coincidência. Thomas Tull, dono da produtora Legendary Pictures e produtor-executivo do filme, é também um dos donos do Pittsburgh Steelers, time profissional de futebol americano da cidade. "O
jogo de futebol americano sempre esteve no roteiro. É um esporte bem
estadunidense e das grandes cidades. Ajuda a criar a realidade. E
Pittsburgh é uma cidade muito esportiva. Eles adoram os times locais e
isso ajuda a manter as pessoas lá fora empolgadas, porque estão vendo
seus ídolos em campo", disse o produtor Jordan Goldberg. "Ter
futebol americano só ajuda a aumentar a expectativa. Vocês vão ver que
as explosões que teremos daqui a pouco são bem grandes. É uma daquelas
cenas de deixar com o queixo caído", completou
E ele estava certo, pois o melhor ainda estava por vir. Entre uma entrevista e outra com atores e equipe (veja a primeira parte desta visita ao set aqui)
nos mostraram fotos até então inéditas do filme. Uma das que mais
chamou atenção foi ver o que eles pretendiam fazer com o gramado que
estava ali na nossa frente. O resultado final, como já foi visto de
relance nos trailers, é parecido com o Coliseu - alguns trechos do
gramado apareciam intactos e muitas galerias subterrâneas estavam entre
os destroços. O mais impressionante foi quando vimos isso acontecer na
nossa frente, com 55 "montinhos" de explosivos espalhados pelo campo
cumprindo seu propósito, fazendo tudo voar pelo ar. Só o que sobrou
depois foram os destroços e o odor de pólvora, que assim como o Napalm,
também tem cheiro de vitória.
A complexidade da cena nos privou de conversar com Christopher Nolan,
que parecia uma formiguinha no gramado, andando de um lado para o
outro, conversando com um monte de gente e tomando decisões com seu
chapéu de pescador, calça caqui e camisa social azul completamente
ensopada com o calor que cobria Pittsburgh naquele sábado de agosto de
2011. Já o coordenador de efeitos especiais, Chris Corbould, parou um pouco para conversar com a gente. "Nunca
vi uma agenda como estas. Nós rodamos bastante coisa na Inglaterra, mas
desde que chegamos a Pittsburgh, temos uma grande cena todos os dias", disse.
Perguntamos a Corbould se poderíamos esperar cenas icônicas como o
caminhão virando ou a cena do hospital no segundo filme. Ele disse que
teríamos algumas, mas que aquelas explosões que veríamos mais tarde eram
apenas "um dia normal de filmagens [risos]. As cenas que me
preocupam ainda estão por vir e ainda nem sei como vou fazê-las. [risos]
Uma delas aqui em Pittsburgh e a outra em Los Angeles". Ele falou
ainda que nem sempre constrói tudo, porque sabe que Nolan gosta de mudar
de ideia, buscar novos ângulos, o que levou à declaração de que filmar
em Nova York vai ajudar a dar ao filme uma verticalidade que não tinha
até então - com muitas cenas nos telhados também, onde poderemos ver uma
Gotham City diferente e conhecer mais uma das novas personagens, a
Mulher-Gato (Anne Hathaway).
Fashion e mortal
"Os movimentos da Mulher-Gato são bem diferentes das encarnações
anteriores. Não posso falar do passado da personagem, mas o que você vai
ver nos movimentos da Anne é algo gracioso e muito feminino. Ela está
um espetáculo", disse o coordenador de dublês, Tom Struthers.
Ajuda também o trabalho feito pela figurinista Lindy Hemming, que disse ter se inspirado na silhueta dos anos 60 e o visual de Julie Newmar. "Achamos
que poderíamos levar Anne nesta direção. Eu gosto muito do designer
Thierry Mugler e queria usar aquelas formas no figurino. É bem
diferente, vocês vão perceber quando puderem ver tudo, a forma vai das
suas roupas normais para o uniforme da Mulher-Gato. É bem minimalista",
disse. E o figurino ficou tão fashion quanto mortal, com saltos altos
que também funcionam como lâminas, misturando a fantasia com a
realidade, como tudo neste batverso criado por Nolan, que tem explicação até mesmo para as orelhas de gatinho do uniforme da gatuna. "Chris e eu tentamos imaginar por que uma mulher moderna, por dentro da última moda e cool
estaria usando orelhas [risos]. A verdade é que são óculos, que ao
serem levantados para cima da cabeça se parecem com orelhas. Nós achamos
que ficou muito cool. Adoramos o resultado. Nós passamos por
tantas ideias de como poderíamos fazer aquilo dar certo. A inspiração
ali veio de joalheiros ou dentistas, que usam espécies de óculos, com
lentes de aumento para ver os mínimos detalhes. E trabalhando com um
designer, chegamos a este óculos que serve também como visão noturna. E
ela tem um cinto customizado com acessórios miniaturados que a ajudam
nos roubos e na procura de joias", complementou.
A máscara do animal
Lindy também falou sobre o figurino do Bane: "Quando você olha
para a versão do Bane nos quadrinhos, você vê um homem gigante vestindo
um maiô de luta-livre. É difícil imaginar como você transpõe algo assim
para um filme do Chris Nolan porque todo mundo aqui tem um passado, uma
história e seus motivos. A história aqui vai mostrar de onde o Bane vem e
porque ele é daquele jeito, quer o público goste dele ou não. Aqui, nós
mostramos que ele usa uma espécie de armadura ao contrário do maiô, e
ele foi machucado, por isso ele usa aquela máscara, que nos quadrinhos
serve para injetar o "Veneno", mas aqui é obviamente um pouco diferente.
Nós usamos tudo isso e o fato de que a tecnologia dele não vem do mesmo
lugar do que o Batman usa. Ele não tem um Lucius Fox (Morgan Freeman)
para desenvolver suas coisas. Tudo foi criado meio pelo caminho, em
lugares diferentes e por pessoas diferentes. Tem toda uma história por
trás disso. Mas ao mesmo tempo, como vamos ver na história, ele carrega a
ameaça, o perigo dentro de si. E ele não é um moleque. Já é um cara
maduro, que passou por muitas coisas. Ele é daquele jeito porque ele é
um tipo de guerreiro, meio mercenário", disse.
Sobre a máscara, ela falou que a sua contusão lhe causa muita dor e ela serve para que ele inale uma espécie de analgésico. "Queria
que a máscara do Bane tivesse um estilo bem animalesco e nas pesquisas
vi gorilas com caninos que iam para cima e para baixo, dando um ar
sinistro. Acho que não dá para ver nas imagens noturnas, mas existe ali
um ar bem violento. E outra coisa que nós decidimos bem no começo do
filme é que como nós tínhamos ao menos dois personagens principais
usando máscaras, nós tínhamos de criar uma distinção bem grande para as
cenas de luta. Nos quadrinhos, a máscara do Bane é feita de um jeito que
você não vê seu rosto. Então, a primeira coisa que pensei foi me
inspirar nos animais. E depois o Chris veio com necessidade de não
deixar os dois personagens parecidos quando estivessem lutando. Daí veio
a ideia de deixar as coisas aparentes e com os analgésicos alimentando a
parte da face e deixar em aberto a possibilidade de seu rosto ser
deformado. E nós não nos preocupamos com problemas de fala, porque
podemos inserir as falas todas depois. Nos pareceu mais ameaçador não
poder ver essa parte da boca", complementou.
Tom Struthers também falou bastante do trabalho com Hardy e Christian Bale. "Eu
tento preparar os atores o máximo possível com ensaios, porque penso da
seguinte forma: os estúdios pagam aos atores um valor porque acreditam
que eles podem fazer aquele papel. Não importa quanto um dos meus dublês
se esforça, ele nunca vai conseguir fazer o que o Christian Bale faz,
ou Hardy. É por isso que eles recebem o tanto que recebem e os meus
caras ganham o deles. Por isso sempre tento usar o máximo que posso dos
atores, dentro do que é seguro. Hardy e Bale fizeram entre 85% e 90% de
suas cenas." O segredo para saber até onde eles podem ir é observar. "Eu
gravo todos os ensaios e tudo é planejado. E os dublês me avisam se
percebem que algo chegou ao limite. Eles sabem até onde Bale pode ir,
até onde Hardy consegue chegar. E o Chris tem noção disso também. Na
Europa ele virou para mim e falou: 'Se você achar que estamos chegando
muito perto do perigo, para o ator ou os dublês, vamos achar uma outra
forma de fazer esta cena, mudando o ângulo da câmera ou algo do tipo'", lembra o coordenador de dublês.
Veículos e a eterna espera
Além das lutas, Struthers e Colbourd enfatizaram também a importância
dos veículos na trilogia e em especial no clímax deste filme. Se antes
tivemos o novo batmóvel, agora chamado de Tumbler, e a moto conhecida como Batpod, agora temos mais novidades. "Nós
temos um novo veículo maravilhoso, mas que ainda não foi o que nós
gostaríamos de construir. Com este novo veículo, nós queremos fazer
coisas extraordinárias. Em qualquer outro filme, muito disso seria feito
em computação gráfica. Mas como Chris é o Chris, acabamos fazendo
muitas coisas de verdade. Pode esperar por alguns efeitos bem diferentes
vindo por aí".
Esta espera está finalmente chegando ao fim. Finalmente!
A terceira parte da trilogia de Christopher Nolan estreia no Brasil em 27 de julho.
Creditos:Onaga
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