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THE LAST NARUTO - O FILME | CRÍTICA

Alguns dos fios que conduzem a narrativa de The Last Naruto - O Filme (Naruto - The Last) são literais. Eles fazem parte de um cachecol vermelho que Hinata tricota para Naruto, por quem é apaixonada desde criancinha, lá no começo do mangá. Num vai e não vai arrastadíssimo, a pobre peça de roupa é destruída inúmeras vezes durante o longa até chegar no pescoço do herói.

Inserida no filme como uma metáfora sobre o romance entre os dois personagens, “shippado” pelos fãs há mais de uma década (procure pelo termo “naruhina” no Google para ter uma ideia), a história do cachecol, meio que sem querer, acaba representando a épica e, por muitas vezes, maçante saga criada por Masashi Kishimoto, que abrange várias gerações de ninjas e durou nada menos do que 15 anos para ser concluída.

A razão do longa, o primeiro a integrar o cânone do mangá, é contar o começo do relacionamento amoroso entre Naruto e Hinata. Os dois aparecem casados e com dois filhos no último capítulo (700), mesmo quando nos 699 anteriores toda a situação não passa do típico “ela ama ele, mas ele não percebe” - isso porque a garota já tinha declarado seu amor pelo protagonista na luta contra o vilão Pain (em páginas publicadas no Japão em 2008, diga-se de passagem).

A aproximação amorosa entre os dois acontece em um ritmo tão devagar que chega a dar agonia - até mesmo outros ninjas como Sai e Sakura, coadjuvantes em tela, ficam irritados com a timidez de Hinata e a falta de noção de Naruto. De características engraçadinhas no mangá, elas se transformam em chatice na telona.

Completando a bagunça, vêm os necessários elementos de ação - afinal, Naruto ainda é shonen (termo que define animes e mangás para garotos). Daí, surge o antagonista Toneri, que, para parecer importante dentro de uma história tão enraizada no que já aconteceu, atira referências para todos os lados: sem dar detalhes, ele é ligado, ao mesmo tempo, ao clã Hyuuga, do qual faz parte Hinata, e ao Sábio dos Seis Caminhos (Rikudou Sennin), o pai dos shinobis que surge como figura central do último arco da série.

Enquanto o ritmo do romance entre os mocinhos anda em ritmo de lesma, o vilão nunca representa uma ameaça real, mesmo quando está prestes a vencer, pois você sabe que o mundo está salvo no fim das contas. De tanto querer fazer parte do cânone, o filme acaba esmagado por carregar uma bagagem tão grande de referências. O que deveria ser um ponto positivo se transforma em um empecilho para a trama.

O filme segue a tradição de Kishimoto em criar universos ricos e histórias densas, mas que se desenvolvem em marcha lentíssima. Essa cadência é aceitável quando a sua mídia te permite contar uma trama dividida em 700 capítulos, lançados no decorrer de uma década e meia, mas se transforma em algo extremamente penoso de assistir quando você está restrito a um longa-metragem de quase duas horas.

Os momentos que valem o ingresso são voltados apenas a quem se dedicou ao mangá e ao anime, pois estão em situações cotidianas entre os personagens deste universo bem estabelecido. É a conversa entre Naruto e Sakura na barraquinha de lamen, são os comentários entre Shikamaru e Sai no meio de uma missão, ou as deliberações do hokage Kakashi com os outros líderes do mundo ninja. Mas é muito pouco para justificar a trama central.

Como bem disse a Míriam em sua coluna sobre Naruto, a preocupação de Kishimoto em colocar todos os pingos nos is não deixa nenhum espaço para a imaginação dos fãs. The Last Naruto é a maior prova disso. Apesar de ser um agrado luxuoso a quem se dedicou por tanto tempo às aventuras da Vila da Folha, não passa de um agrado. É colocar no cânone oficial o que, até pouco tempo atrás, era restrito ao mundo das fanfics. É um filme bonito, mas que, em nenhum momento, se mostra necessário.

Fontes: Omelete
Créditos: Nero

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