Após um período afastado do mundo dos
quadrinhos, voltei ao hábito da leitura e do consumo da nona arte no
início dos anos 2000, após quatro anos de recesso. E o principal
responsável por este meu retorno foi o Universo Ultimate, apresentado aos leitores brasileiros na revista Marvel Século 21,
publicação que trazia as primeiras histórias do Homem-Aranha em sua
versão ultimate. Mal sabia este que vos escreve que em 2004 o melhor
ainda estava por vir, e este melhor seria literalmente “supremo”.
As histórias dos Supremos (versão ultimate dos Vingadores)
seduziram e colocaram leitores em uma situação de vício, ansiosos pelas
edições seguintes para o contato com novas histórias. Recordo de um
episodio em particular, onde, ao chegar a um grupo de amigos, comentei
que estávamos presentes de um clássico moderno.
Caminhando
para uma década do ocorrido, é com grande satisfação que vejo que havia
razão em meus argumentos. Quando me reparo com as duas belíssimas
edições que a Editora Panini disponibiliza no mercado nacional
fico com a confirmação da importância que as edições tiveram para as
histórias dos Vingadores, bem como a carreira de seus autores e até para
a editora, influenciando, inclusive, o seu universo cinematográfico
posteriormente.
Nascidos das mãos dos artistas Mark Millar e Brian Hitch.
O primeiro é um escocês que começou nos quadrinhos britânicos, passando
em seguida pela Dc Comics, em títulos como Monstro do Pântano, Liga da
Justiça e Flash. Posteriormente assumiu o título Authority, pela
Wildstorm, onde estabeleceu uma abordagem violenta acerca de um grupo de
super-heróis que viviam em no “mundo real”. Foi neste título que este
roteirista chamou a atenção do mercado, sendo contratado pela Marvel
Comics e trabalhando em vários títulos do Universo Ultimate (X-men, Quarteto Fantástico, Vingadores) e em títulos do universo tradicional (Wolverine, Guerra Civil), bem como no selo Icon da editora (Kick-Ass, O Procurado).
Brian Hitch é um britânico, artista de traços detalhado, que se apresentou para o grande público na seção britânica da Marvel Comics (Marvel Uk), trabalhando em seguida na Dc Comics, no título da Liga da Justiça junto a Mark Waid. Posteriormente trabalhou em Authority, em parceria com Warren Ellis, retornado depois à Marvel
para trabalhar no Universo Ultimate (Supremos, Quarteto Fantástico). Há
uma passagem pelo universo tradicional da editora no título Captain
America: Reborn.
Estes dois autores nos brindaram com
quadrinhos que hoje são reconhecidos como alguns dos melhores dos anos
2000, em especial o primeiro volume. A dupla em questão pegou os
leitores de surpresa ao apresentar uma versão dos Vingadores bem
diferente do que os mesmos estavam acostumados a ver: um Capitão América realmente fora de seu tempo, ao ponto de realmente incomodar com suas atitudes retrógadas; um Homem-de-Ferro muito mais cínico e inserido em sua superficialidade; um Thor pacifista, revolucionário, que ninguém sabe se realmente é um deus ou um louco; um Gavião Arqueiro retratado como um frio e perigoso agente da Shield; uma Viúva Negra realmente se portando como uma espiã, com todo o ônus que a atividade exige; um Hank Pym
bem mais problemático e moralmente inadequado junto de sua esposa
Vespa, em uma versão asiática, representada como uma moça que busca um
parceiro que lhe traga o conforto de uma relação paternal e, por fim, um
Bruce Banner (Hulk) extremamente frágil psicologicamente, em uma relação conflituosa com Betty Ross, seu clássico interesse Romântico.
Créditos: Nero
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